terça-feira, 31 de maio de 2011

O pensamento complexo - Formulação de Estratégias


PALAVRA CHAVE
Pensamento Complexo – Complexidade – Formulação de Estratégias
INTRODUÇÃO  

Na atualidade as mudanças são constantes, com isso a necessidade de atualizações e de conhecimento mais aprofundados. É fundamental o pensamento complexo e da compreensão da complexidade, pois as concorrências são acirradas e novos imprevistos e desafios surgem. Trazendo ainda situações de maior complexidade no processo de formulação de estratégia.
Portanto há uma preocupação no desenvolvimento de novas estratégias para superação dos novos desafios. Importante é visulalizar a estratégia como um pensamento complexo, onde envolve intuições, percepcões e sua complexidade.
A estratégia corporativa produz as principais políticas e planos para atingir seus objetivos, propósitos ou metas. Segundo Pettigrew (1977), que define a formulação de estratégia como um percurso intencional desenvolvido a partir de dilemas organizacionais, ocorrendo a todo tempo nas organizações.  Dessa maneira, a estratégia seria formada por “escolhas” que são feitas e colocadas em ação, em processos que envolvem indivíduos e seus grupos, em diferentes níveis organizacionais e que se desenvolvem na formação de um padrão de pensamento.
A estratégia é um processo organizacional de muitas formas inseparável da estrutura, do comportamento e da cultura da empresa. A intenção é se chegar a um tipo de estratégia econômica, como alternativa resultante da comparação entre oportunidade e capacidade corporativa em um nível aceitável de risco.
A organização para alcançar o sucesso precisa ampliar sua visão, recuperar o trabalho em equipe, aprimorar a comunicação entre os colaboradores (funcionários) sendo uma tarefa de grande complexidade, pois vivemos em um mundo individualista.



DESENVOLVIMENTO


1-     O Pensamento Complexo

“Complexus” significa, originariamente, aquilo que é tecido junto. O pensamento complexo é um pensamento que busca distinguir (mas não separar), ao mesmo tempo que busca reunir (  Morin  - 2000).

Importante dizer que a aplicação do pensamento complexo pode afetar a formulação estratégica ao inserir uma perspectiva dinâmica não linear, de causalidade complexa e de relação dialógica entre as variáveis consideradas na concepção estratégica.

Na realidade a complexidade não é um conceito teórico e sim um fato de vida, para isso devemos ser flexiveis e ter pensamentos abertos e pensar complexamente. A complexidade exige uma mudanças/reforma de pensamentos, ou seja, transforma-los em pensamento complexos, pensamento mais abertos.

A complexidade não é um conceito teórico e sim um fato. Corresponde à multiplicidade, ao entrelaçamento e à contínua interação da infinidade de sistemas e fenômenos que compõem o mundo natural. Os sistemas complexos estão dentro de nós e a recíproca é verdadeira. É preciso, pois, tanto quanto possível entendê-los para melhor conviver com eles.” (Humberto Mariotti).

Segundo Edgar Morin (2000): o propósito do pensamento complexo é, ao mesmo tempo, o de reunir (contextualizar e globalizar) e de ressaltar o desafio da incerteza. Descreve ainda sobre os 07 principios para pensar a complexidade:

1. O princípio sistêmico, ou organizacional, que une o conhecimento das partes com o conhecimento do todo.

2. O princípio “hologramático” põe em evidência esse aparente paradoxo dos sistemas complexos no qual a parte não somente está no todo, como o todo está inscrito na parte.

3. O princípio do ciclo retroativo, introduzido por Norbert Wiener, permite o conhecimento dos processos auto-reguladores. Ele rompe com o princípio da causalidade linear: a causa age sobre o efeito.

4. O princípio do ciclo recorrente supera a noção de regulação pela de autoprodução e pela de auto-organização. Trata-se de um ciclo gerador no qual os produtos e as conseqüências são, eles próprios, produtores e originadores daquilo que produzem e o efeito sobre a causa, como em um sistema de   auecimento no qual o termostato regula o funcionamento da caldeira.

5. O princípio de auto-ecoorganização (autonomia/dependência): os seres vivos são seres auto-organizadores que se autoproduzem sem cessar e por isso gastam a energia para salvaguardar sua autonomia. Como eles têm necessidade de retirar a energia, a informação e a organização do seu ambiente, sua autonomia é inseparável dessa dependência e, portanto, é necessário concebê-los como sendo auto-ecoorganizadores

6. O princípio dialógico  une dois princípios ou noções em face de se excluírem um ao outro, mas que são indissociáveis em uma mesma realidade. Portanto, devemos conceber uma dialógica ordem/desordem/ da organização. A dialógica permite-nos aceitar racionalmente a associação de noções contraditórias para conceber um mesmo fenômeno complexo.

7. O princípio da reintrodução do conhecido em todo o conhecimento. Esse princípio realiza a restauração do tema e revela o problema cognitivo central: da percepção à teoria científica, todo o conhecimento é uma reconstrução/tradução por um espírito/inteligência em uma cultura e em um tempo determinados.

A proposta do pensamento complexo é aprender hamonizar razão e emoção, pensamento sistemico e pensamento mecanico.
2-     Formulação de Estratégias

Primeiramente vamos definir o que é estratégia: pode ser definida como o conjunto de objetivos, finalidades, metas, diretrizes fundamentais e os planos para atingir os objetivos, ou seja, padrão ou plano que integração de uma organização.

A estratégia tem sido percebida pelos diversos autores relacionados a esse campo de conhecimento e pelos profissionais da área de duas formas (Mintzberg, Ahlstrand e Lampel, 2000):

1. estratégia como posição – corroborada pela afirmativa de Porter de que “a estratégia é a criação de uma posição única e valiosa, envolvendo um conjunto diferente de atividades” (Porter, 1998);

2.  estratégia como perspectiva  – traduz a maneira fundamental de uma organização realizar suas atividades/ações.Nesse sentido, enquanto a estratégia como posição busca olhar para fora, para o mercado, e para o encontro do produto com o cliente, a estratégia como perspectiva olha para dentro da organização e para cima, ou seja, para uma visão da empresa como um todo.

Uma boa análise de estratégia e a base para a Formulação de Estratégias e sua implementação. Portanto é importante analisar: forcas e fraquezas – ameaças e oportunidades, analisando o ambiente interno e externo.

Abaixo diagrama:
Analise das forças e fraquezas, ameaças e oportunidades
Ficheiro:SWOT pt.svg
Fig.1 Analise Swot

Verificar ainda os objetivos estratégicos da organização: visão, missão e os objetivos, alinhando todos na mesma direção, para alcançar as metas estabelecidas.
O estrategista deve verificar onde a organização está inserida, para que a formulação de estratégias esteja bem definidas, pois estamos em constante mudanças, neste mundo globalizado, portanto precisa haver monitoramento.
Porter (1998) diz que a essência  da formulação de uma estratégia competitiva é relacionar uma companhia em seu meio ambiente.
Segundo Nonaka e Takeuchi (1997), a inovação organizacional implica a criação de novos conhecimentos e informações tanto de fora (ambiente externo organizacional) para dentro (ambiente interno) quanto de dentro para fora, o que acaba condicionando tanto a formulação como a implementação de estratégias de ação. Os dois autores ressaltam a necessidade de se levar em conta duas dimensões - epistemológica e ontológica – na caracterização do problema.
Para uma estratégia eficaz é necessário explorar oportunidades no ambiente externo defendendo a empresa de ameaças enaltecendo as competências organizacionais, oferecendo segurança para vantagenss competitivas futuras.
Na formulação de estratégias é importante compreender o funcionamento das 10 escolas estratégicas pois contribuirá para ampliar a visão gerencial/estratégica, ressaltando que as escolas de pensamento estratégico não tratam apenas de formulação mas do processo estratégico como o todo, sendo que cada uma difere na forma de formular estratégias, e com isso na maneira de pensar estrategicamente, por isso a importância do agregar o pensamento complexo.

Na figura 2 quadro demonstrativo das 10 escolas:
Fig.2 Demonstrativo das 10 escolas



3-     Pensamento Complexo x Formulação de Estratégias


Os gestores estrategistas encontram em seu caminho aspectos difíceis de serem analisados e intepretados na sua totalidade, exigindo uma percepção acentuada, no entanto é uma tarefa difícil e que consiste, e requer um pensamento complexo, analisando um todo, agregando ainda conhecimento multidiciplinares, sensibilidade e flexibilidade para lidar com o imprevisível.
O mundo globalizado traz situações que requer maior complexidade na formulação de estratégias, exigindo cada vez mais dos estrategistas um pensamento complexo, uma visão do todo e uma visão de futuro, no entanto não é uma tarefa fácil pois há muita resistência. À primeira vista, a complexidade é um tecido de constituintes heterogêneos inseparavelmente associados: coloca o paradoxo do uno e do múltiplo.

“... a complexidade é efetivamente tecido de conhecimentos, ações, interações, retroações, determinações e acasos que constituem o nosso mundo fenomenal”.(MORIN, 2000 )
Mintzberg (1991) aprofunda a questão da complexidade, para ele, a estratégia pode ser dividida em cinco grandes características que se complementam e se inter-relacionam.



Evolução duma Estratégia
                                                  Fig.3 Evolução duma Estratégia              


É importante dizer  que a estratégia vista como uma decisão repercute por um longo período de tempo, compromete uma porção significante de recursos podendo afetar  significativamente a organização de diversas maneiras.
O pensamento complexo na formulação estratégica se faz relevante, pois dada à ambigüidade presente no ambiente organizacional/empresarial da atualidade, os princípios do pensamento complexo auxiliam uma melhor compreensão do processo de formulação estratégica e das interações derivadas da ação estratégica.
Pascal (1973): "Não posso conhecer o todo se não conhecer particularmente as partes, e não posso conhecer as partes se não conhecer o todo".


CONCLUSÃO


O grande desafio da atualidade é combinar, sincronizar as habilidades do estrategista (planejador) com o conhecimento, informações dos gestores (gerente/lider/) para assegurar que o processo de formulação de estratégias seja adequado para a organização.
Pensar é uma tarefa arriscada. Implica a consideração de espaços complexos e tempos múltiplos, a formulação do que não se apresenta verossímil à primeira vista e a aceitação de que as elaborações resultantes da atividade intelectual são irremediavelmente provisórias, instáveis e lacunares. Nestes termos, pensar é um exercício que supõe a aceitação das limitações do pensamento, saber que se pode não saber e que o impensável e o imponderável são dimensões constituintes do conhecimento.
Faz-se necessário incentivar os individuos da organização nos seus diversos níveis a pensar complexamente, a serem criativos, dinamicos, intuitivos, interagir, incrementar entre outras que possam a contribuir para formação de estratégia. 



REFERÊNCIAS

Pettigrew, A. M. - Strategy formulation as a political process. Internacional Studies of Management & Organization,   summer, 1977.
MINTZBERG, H.; AHLSTRADND, B.; LAMPEL, J.    Safári de Estratégia: um Roteiro pela Selva do Planejamento Estratégico. Porto Alegre: Bookman, 2000.
PORTER , M.  Como as Forças Competitivas Moldam a Estratégia. In: MONTGOMERY, C; PORTER, M. Estratégia: A busca da Vantagem Competitiva. Rio de Janeiro: Ed. Campus, 1996.

Nonaka, H TAKEUCHI - Criação de conhecimento na empresa: como as empresas japonesas geram a dinâmica da inovação
- Campus 1997.
FACINTER  - htp//grupouninter.com.br_claroline176_claroline_document_Aula03.
Humberto Mariotti – Internet – Disponível em: http://www.geocities.com/pluriversu/portugal.html
MORIN, Edgar. As Cegueiras do Conhecimento: o Erro e a Ilusão. In: MORIN Edgar. Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. São Paulo: Cortes, 2000.
PASCAL, B – Pensamentos. São Paulo: Nova Cultura, 1973 (Os pensadores).
MORIN, Edgar. Ciência com Consciência. 3a Edição. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999 .